30.3.10

Um poema de Walt Whitman


(Walt Whitman - 31.05.1819 - 26.03.1892)

E farei os poemas do meu corpo
E do que há de mortal.
Pois acredito que eles me trarão
Os poemas da alma e da imortalidade.
E à raça humana eu digo:
-Não seja curiosa a respeito de Deus,
pois eu sou curioso sobre todas as coisas
e não sou curioso a respeito de Deus.
Não há palavra capaz de dizer
Quanto eu me sinto em paz
Perante Deus e a morte.
Escuto e vejo Deus em todos os objetos,
Embora de Deus mesmo eu não entenda
Nem um pouquinho...
Ora, quem acha que um milagre alguma coisa demais?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres...
Cada momento de luz ou de treva
É para mim um milagre,
Milagre cada polegada cúbica de espaço,
Cada metro quadrado de superfície
Da terra está cheio de milagres
E cada pedaço do seu interior
Está apinhado de milagres.
O mar é para mim um milagre sem fim:
Os peixes nadando, as pedras,
O movimento das ondas,
Os navios que vão com homens dentro
- existirão milagres mais estranhos?

22.3.10

Padre Cícero, o fenômeno


(Cícero Romão Batista - Crato, 24.05.1844 - Juazeiro do Norte, 20.07.1934)

O fenômeno padre Cícero, dentro do quadro geral das manifestações de messianismo no Nordeste brasileiro, explica-se em grande parte por se terem mantido extremamente vivas na região tradições místicas e ascéticas da Idade Média ibérica. Cícero Romão Batista nasceu no Crato CE em 23 de março de 1844. Ordenou-se em 1870, contra o voto do reitor do seminário, que lhe censurava a propensão a visões, e em abril de 1872 fixou-se como pároco em Juazeiro do Norte, que tinha então cerca de 300 habitantes.No início do ministério, o padre Cícero dedicou-se a um apostolado de propensões místicas. Em 1891 começaram a circular notícias de seus milagres. Afirmava-se que, dois anos antes, ao dar comunhão a uma mulher do povo, a hóstia se convertera em sangue, fato que se teria repetido em público várias vezes. Um médico que examinara a mulher garantiu, com firma reconhecida em cartório, tratar-se de milagre. Começaram a afluir a Juazeiro romarias de nordestinos pobres, vindos de todo o Ceará e dos estados vizinhos, alguns dos quais ofereciam animais, jóias e até propriedades. Acusado de heresia, padre Cícero foi suspenso em 1897 das ordens religiosas e exilado na povoação de Salgueiro, até ser enviado a Roma, para explicar-se. Confirmada a suspensão, em 1908 regressou a Juazeiro. Ao contrário, porém, do que esperavam as autoridades eclesiásticas, a viagem a Roma só contribuiu para lhe aumentar o renome. Nesse mesmo ano chegou à povoação um médico do sertão baiano, Floro Bartolomeu da Costa, que formou uma oportunística aliança política com o padre Cícero. Graças ao fluxo de romeiros, Juazeiro tornou-se importante centro artesanal. Em 1911 o distrito foi elevado a município, com o padre Cícero como prefeito. Presidiu, então, um pacto de coronéis da região em apoio ao governador do Ceará, Antônio Pinto Nogueira Acióli. Em janeiro do ano seguinte, porém, Acióli foi derrubado e sucedido pelo coronel. Marcos Franco Rabelo, como parte do movimento, contra as oligarquias nordestinas, chamado "salvações".Quando Rabelo exonerou o padre Cícero das funções de prefeito, Floro Bartolomeu foi ao Rio de Janeiro para obter de Pinheiro Machado o apoio do governo federal a um plano que visava a depor Rabelo e restabelecer o domínio dos coronéis. De volta ao Ceará, Floro comandou o ataque ao quartel da força pública de Juazeiro, em 9 de dezembro de 1913. Três dias mais tarde, uma "assembléia legal" o nomeou presidente temporário do sul do estado. Ao saber do apoio de padre Cícero ao movimento sedicioso, Rabelo ordenou ao sacerdote que restabelecesse a ordem e este respondeu que não podia evitar que o povo se defendesse. Era o início da guerra dos jagunços. Com trinta mil habitantes, Juazeiro já se tornara a segunda cidade do sertão do Cariri, depois do Crato. O exército de jagunços, recrutado entre cangaceiros e romeiros, ergueu trincheiras em volta da cidade e repeliu os ataques da força oficial. Amparados na crença de que "homem abençoado pelo padim Ciço não morria de bala", os rebeldes marcharam contra Fortaleza, saqueando as cidades no caminho. Em março de 1914 o governo federal decretou a intervenção no estado e destituiu o governador Rabelo. A guerra civil acabou. A população excedente de Juazeiro foi encaminhada para as fazendas da região, inclusive as propriedades do próprio padre Cícero, já então "o maior agricultor do Cariri" e importante "coronel" da oligarquia local. Elegeu-se sucessivamente vice-governador e deputado federal, e só não foi governador porque não quis afastar-se de Juazeiro. A fama de seu nome ia do Amazonas à Bahia. Considerado santo e profeta infalível, alguns o tinham até como pessoa da Santíssima Trindade. O próprio Lampião visitou-o mais de uma vez. O declínio político do padre Cícero acompanhou a decadência do cangaço, sobretudo após a revolução de 1930. Em 1933 seu candidato foi derrotado nas eleições para a Assembléia Constituinte. O padre Cícero, até hoje celebrado pelos poetas populares no Nordeste, morreu em Juazeiro,em 20 de julho de 1934.

Orixás do Candomblé

Os orixás são ancestrais divinizados do candomblé – religião trazida da África no século XVI. Entre mais de 200, apenas 12 deles são cultuados no Brasil...

O culto é celebrado pelo pai-de-santo, chefe do terreiro onde a cerimônia acontece, e tem início o despacho de Exú... Começa então, o toque dos tambores que marcam o rítmo de uma dança de roda para que os filhos-de-santo incorporem seus orixás. Passam a receber dos participantes pedidos de ajuda e de proteção. A duração mínima do ritual é de 2 horas.

Nota: “Orixás”, by Pierre Verger.

Clique nos nomes dos orixás, abaixo:

OLORUM – Olorun, Olodumare
IFA – Orunmila, Orunla, Ifa (preto-velho)
EXU – Eshu, Esu, Echu
IBÊJI – Ibeji, Taiwo, Kehinde (crianças)
NANÃ – Nana Buruku
OBALUAIÊ – Sanpanna, Babalu aye, Obaluaé, Omolu
OXALÁ – Obatalá, Orisanla in Africa, Oshalufon, Oshaguian, Oduduwa, Oshala in the New World.
OGUM – Ogun, Ogu, Ogum – Balogun
OSSAIM – Osanyin, Osain (omiero)
OXÓSSI – Osoosi, Oshosi, Oxossi – caçador
OXUMARÉ – Osumare, Ochumare
XANGÔ – Shango, Sango Chango – rei guerreiro
IANSÃ – Oya, Yansa, Iansa
IEMANJÁ – Yemoja, Iyemanja, Yemaya
OXUM – Osun, Oshun
OBÁ – Oba



O século XVIII ia chegando ao fim. As idéias liberais de “igualdade, liberdade e fraternidade”, que levariam à Revolução Francesa, conquistavam o mundo e encontravam eco também no Brasil, onde os senhores das terras e escravos, revoltados com os altos impostos cobrados por Portugal, começavam a ensaiar a independência.

Claro que essa “liberdade” não se estendia aos negros, que há mais de 200 anos vinham construindo a riqueza do Brasil Colônia. Cansados dos maus tratos – que incluíam castração, amputação dos seios e emparedamento de gente viva – eles fugiam e formavam os quilombos, aldeias encravadas nas matas brasileiras, onde tentavam reconstituir a vida que levavam na África.

Foi nesse clima tenso de rebeliões, revoltas e idéias novas que as divindades africanas chegaram ao Brasil, encarnadas no corpo e na fé do povo iorubá. Esses negros, que viajaram para cá amontoados nos porões dos fétidos navios negreiros, foram tratados e vendidos como animais, a peso de ouro, nos locais onde desembarcaram – Rio, Recife e Salvador. E no entanto, não deixaram de expressar sua devoção aos orixás e cultuá-los nas fazendas para onde foram conduzidos.

Aos domingos e dias santificados, reuniam-se em festas que aos senhores pareciam danças inocentes e alegres batuques. Na verdade, ali estava nascendo o Candomblé brasileiro. Para não levantar suspeitas nem atrair a ira dos senhores católicos, os negros associaram cada orixá a um santo da Igreja Romana. Jesus e alguns santos católicos chegaram mesmo a ser incorporados à religião africana, numa prática que ficou conhecida como sincretismo religioso.

Mas as diferenças entre cristianismo e candomblé são profundas. No candomblé não há bem e mal, e sim qualidades e defeitos que devem ser respeitados por expressarem aspectos dos orixás. E em vez de um só Deus, autoridade suprema, a religião africana tem vários orixás. Os de maior poder assumem formas diferentes, aparecem ora como velho, ora como novo, às vezes como rei, etc.

Essas entidades vivem no órun, reino sobrenatural refletido no aiyé, nosso mundo material. Aqui elas se manifestam na natureza e nos seres humanos, que herdam suas características físicas e psicológicas.

Respeitar os atributos dos orixás e homenageá-los regularmente, segundo o candomblé, traz ao homem força e saúde para viver as infinitas encarnações que lhe estão reservadas na planeta Terra.

Todas as divindades negras, que chegaram aqui para aliviar o sofrimento dos escravos africanos, também são associadas aos quatro elementos: o Ar, a Terra, a Água e o Fogo, por isso, os orixás contém toda a magia que comandam as forças da natureza.

É possivel ter Espiritualidade sem Religião? Qual a resposta para a busca da Felicidade? Qual o caminho da Felicidade?...

Postulados sobre a Verdade



1. Deus é Vida em Energia. Deus é Espírito. Deus é Mente. Deus é a única força que controla a vida, o espírito e a mente.

2. Deus está dentro de você e de todos os seres vivos. Isso quer dizer que cada ser vivo é uma representação única da identidade de Deus – mente, espírito e vida.

3. Nada temos além do tempo e ele está a nosso favor. É por isso que continuamos a ser presenteados com a oportunidade de repetir e de recriar nossas vidas.

4. Deus não nos castiga. Somos nós que nos castigamos com a culpa, a vergonha e o medo, quando desconhecemos nossa natureza inerentemente divina.

5. Há uma Ordem Divina para tudo na vida. É por esse motivo que o local onde você se encontra em qualquer momento é exatamente onde você deveria estar.

6. A vida é o desdobramento de experiências que foram projetadas para nos fazer tomar consciência do funcionamento dos princípios universais, às vezes chamados de leis naturais. Quando temos consciência de que esses princípios estão em funcionamento e procuramos viver em harmonia com eles, fica fácil compreender as experiências pelas quais passamos na vida.

7. Recebemos a graça de Deus sob forma de abundância, paz, alegria, bem-estar e recebemos o amor em função do que pensamos, sentimos e acreditamos com relação a vida, a nós mesmos e ao Divino.

8. Nossas vidas são o reflexo de nossas escolhas conscientes e inconscientes. Quando não escolhemos, vivemos à revelia.

9. Todos nós nascemos para cumprir um objetivo divino e temos tudo aquilo de que precisamos para cumprir esse objetivo. O fundamental é descobrir qual é a verdade e o sentido que sustenta os nossos atos, pensamentos e comportamentos.

Referência: VANZANT, Iyanla - "Um Dia Minha Alma se Abriu Por Inteiro"

12.3.10

"Deus não tem nenhuma religião." (Mahatma Gandhi)


(Mahatma Gandhi - 02.10.1869 - 30.01.1948)

Namastê



“...Namastê traz o Sagrado para dentro de cada ser humano, afirmando que Deus não está no céu, num templo ou mesmo na natureza.

Deus está em tudo, em cada um de nós e qualquer dissociação da imagem do divino da nossa é inútil.”

11.3.10

"Sejam seu próprio Guru, seu próprio mestre, a lâmpada existe dentro de vocês mesmos. Acendam-na e prossigam sem temor."


(Sathya Sai Baba 23.11.1926)

Religião Impede Religiosidade


(Rajneesh Chandra Mohan Jain - Osho 11.12.1931-19.01.1990)

"A religião o impede de ser religioso. Ela o envia para os mosteiros, para os templos, para as igrejas. Ela ensina você a rezar para um deus hipotético com o qual você nunca encontrou, com o qual ninguém jamais encontrou.

O verdadeiro templo está por toda a sua volta, sob as estrelas, sob a verde folhagem das árvores, ao lado do oceano. O verdadeiro templo está por toda a volta e o verdadeiro deus nada mais é que o fenômeno vivo e consciente dentro de você.

Onde houver vida, onde houver consciência, ali está deus. E quando você chegar à experiência máxima de consciência, você se torna um deus. É direito natural de todo mundo tornar-se um deus, não adorar Deus, mas tornar-se um deus."