22.3.10

Padre Cícero, o fenômeno


(Cícero Romão Batista - Crato, 24.05.1844 - Juazeiro do Norte, 20.07.1934)

O fenômeno padre Cícero, dentro do quadro geral das manifestações de messianismo no Nordeste brasileiro, explica-se em grande parte por se terem mantido extremamente vivas na região tradições místicas e ascéticas da Idade Média ibérica. Cícero Romão Batista nasceu no Crato CE em 23 de março de 1844. Ordenou-se em 1870, contra o voto do reitor do seminário, que lhe censurava a propensão a visões, e em abril de 1872 fixou-se como pároco em Juazeiro do Norte, que tinha então cerca de 300 habitantes.No início do ministério, o padre Cícero dedicou-se a um apostolado de propensões místicas. Em 1891 começaram a circular notícias de seus milagres. Afirmava-se que, dois anos antes, ao dar comunhão a uma mulher do povo, a hóstia se convertera em sangue, fato que se teria repetido em público várias vezes. Um médico que examinara a mulher garantiu, com firma reconhecida em cartório, tratar-se de milagre. Começaram a afluir a Juazeiro romarias de nordestinos pobres, vindos de todo o Ceará e dos estados vizinhos, alguns dos quais ofereciam animais, jóias e até propriedades. Acusado de heresia, padre Cícero foi suspenso em 1897 das ordens religiosas e exilado na povoação de Salgueiro, até ser enviado a Roma, para explicar-se. Confirmada a suspensão, em 1908 regressou a Juazeiro. Ao contrário, porém, do que esperavam as autoridades eclesiásticas, a viagem a Roma só contribuiu para lhe aumentar o renome. Nesse mesmo ano chegou à povoação um médico do sertão baiano, Floro Bartolomeu da Costa, que formou uma oportunística aliança política com o padre Cícero. Graças ao fluxo de romeiros, Juazeiro tornou-se importante centro artesanal. Em 1911 o distrito foi elevado a município, com o padre Cícero como prefeito. Presidiu, então, um pacto de coronéis da região em apoio ao governador do Ceará, Antônio Pinto Nogueira Acióli. Em janeiro do ano seguinte, porém, Acióli foi derrubado e sucedido pelo coronel. Marcos Franco Rabelo, como parte do movimento, contra as oligarquias nordestinas, chamado "salvações".Quando Rabelo exonerou o padre Cícero das funções de prefeito, Floro Bartolomeu foi ao Rio de Janeiro para obter de Pinheiro Machado o apoio do governo federal a um plano que visava a depor Rabelo e restabelecer o domínio dos coronéis. De volta ao Ceará, Floro comandou o ataque ao quartel da força pública de Juazeiro, em 9 de dezembro de 1913. Três dias mais tarde, uma "assembléia legal" o nomeou presidente temporário do sul do estado. Ao saber do apoio de padre Cícero ao movimento sedicioso, Rabelo ordenou ao sacerdote que restabelecesse a ordem e este respondeu que não podia evitar que o povo se defendesse. Era o início da guerra dos jagunços. Com trinta mil habitantes, Juazeiro já se tornara a segunda cidade do sertão do Cariri, depois do Crato. O exército de jagunços, recrutado entre cangaceiros e romeiros, ergueu trincheiras em volta da cidade e repeliu os ataques da força oficial. Amparados na crença de que "homem abençoado pelo padim Ciço não morria de bala", os rebeldes marcharam contra Fortaleza, saqueando as cidades no caminho. Em março de 1914 o governo federal decretou a intervenção no estado e destituiu o governador Rabelo. A guerra civil acabou. A população excedente de Juazeiro foi encaminhada para as fazendas da região, inclusive as propriedades do próprio padre Cícero, já então "o maior agricultor do Cariri" e importante "coronel" da oligarquia local. Elegeu-se sucessivamente vice-governador e deputado federal, e só não foi governador porque não quis afastar-se de Juazeiro. A fama de seu nome ia do Amazonas à Bahia. Considerado santo e profeta infalível, alguns o tinham até como pessoa da Santíssima Trindade. O próprio Lampião visitou-o mais de uma vez. O declínio político do padre Cícero acompanhou a decadência do cangaço, sobretudo após a revolução de 1930. Em 1933 seu candidato foi derrotado nas eleições para a Assembléia Constituinte. O padre Cícero, até hoje celebrado pelos poetas populares no Nordeste, morreu em Juazeiro,em 20 de julho de 1934.

Um comentário:

  1. DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...



    "As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
    têm direito inalienável à Verdade, Memória,
    História e Justiça!" Otoniel Ajala Dourado



    O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA


    No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado pelo Exército e Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do SÍTIO DA SANTA CRUZ DO DESERTO ou SÍTIO CALDEIRÃO, cujo líder religioso era o beato "JOSÉ LOURENÇO GOMES DA SILVA", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, encarados como “socialistas periculosos”.



    O CRIME DE LESA HUMANIDADE


    O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.


    A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS


    Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará é de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo: a) que seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) a exumação dos restos mortais, sua identificação através de DNA e enterro digno para as vítimas, c) liberação dos documentos sobre a chacina e sua inclusão na história oficial brasileira, d) indenização aos descendentes das vítimas e sobreviventes no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos



    A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO


    A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá em 16.09.2009, extinta sem julgamento do mérito, a pedido do MPF.



    AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5


    A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do SÍTIO CALDEIRÃO é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;



    A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA


    A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo DESAPARECIMENTO FORÇADO de 1000 pessoas do SÍTIO CALDEIRÃO.


    QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA


    A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem localizar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes do "GEOPARK ARARIPE" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?



    A COMISSÃO DA VERDADE


    A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue a notícia em seu blog/site, bem como a envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal a localização da COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO.


    Paz e Solidariedade,



    Dr. Otoniel Ajala Dourado
    OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
    Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
    Membro da CDAA da OAB/CE
    www.sosdireitoshumanos.org.br
    sosdireitoshumanos@ig.com.br

    ResponderExcluir