17.1.10

O Mistério do Deus Sofredor

No 6° capítulo, intitulado “O mistério do deus sofredor”, Feuerbach questiona: Deus e Amor – O que nos mostra o dogma? Qual o seu significado? Deus é um ser diverso do Amor? Feuerbach adverte que Deus aparece como predicado e como plenipotência. Tudo inicia quando Deus envia seu filho unigênito por amor, Deus passa a aparecer como predicado e não mais como sujeito. Concomitantemente, Deus aparece sob um novo poder obscuro, de que tudo pode. Por outro lado o amor só é essencial porque é o sujeito, e é essa a condição da encarnação, em outras palavras é o Amor que leva Deus à exteriorização da sua divindade. Observemos que Deus não se nega na encarnação, mas apenas se mostra como é, como ser humano. Não pela sua divindade enquanto tal (Deus é amor), mas pelo amor, pelo predicado que veio a divindade e mostra que o amor é um poder mais elevado do que o da divindade. Então o amor vence Deus. A indagação imediatamente posta é: Quem é nosso redentor Deus ou o Amor? – O Amor, porque Deus enquanto Deus não nos redime, mas o amor, que está acima da distinção entre personalidade divina e humana. Daí porque Feuerbach anuncia: Assim como Deus renunciou a si mesmo por amor, devemos também renunciar a Deus pelo amor, porque se não renunciarmos a Deus por amor, renunciaremos ao amor em nome de Deus e teremos, ao invés do predicado do amor, o Deus, a entidade cruel do fanatismo religioso (de que tudo pode). Ou então transpomos Deus para o amor, pois o que amor em Deus é o amor pelo homem. O que no íntimo é um amor a si mesmo. Para a religião cristã a oração revela o mistério da encarnação, que toda oração é de fato encarnação de Deus. Mas, Feuerbach adverte que a encarnação não é algo divino, e sim humano. Portanto, ao rezar o homem atrai Deus para as suas desgraças, tona-o partícipe dos seus sofrimentos e necessidades. Então, Deus escuta e é misericordioso, porque ama o homem. Porém, nessa atitude o homem entrega sua finitude e todas as suas possibilidades. Pois amor como sujeito refere-se ao sentimento humano objetivo e o amor como predicado refere-se ao além, ao absoluto, a plenitude do amor universal.

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