17.1.10

A Essência da Religião em Geral

Ainda na Introdução, 2° capitulo, intitulado “A essência da religião em geral”, é propósito de Feuerbach demonstrar que é ilusória a contradição do divino e humano, haja vista que a consciência e o conhecimento que o homem tem de Deus é a consciência e o conhecimento que também o homem tem de si mesmo. Deus, o objeto do homem, nada mais é que a sua própria essência objetivada. Sendo assim, Deus e o homem seriam a mesma coisa. Mas, Feuerbach ressalta que a religião é a primeira consciência, a consciência indireta que o homem tem de si mesmo, porque o homem transporta primeiramente a sua essência para fora de si, em busca de Deus, para só depois encontra-lo dentro de si. A religião considera que a razão e o bem estão em Deus e não no homem. Se a contradição entre o divino e o humano é ilusória, a religião seria então o relacionamento do homem consigo mesmo, com a sua própria essência. Todas as qualidades da essência divina são também qualidades da essência humana. “Tudo que tem para o homem o significado de ser em si, tudo que é para ele o ente supremo, tudo aquilo acima do que ele não pode conceber nada mais elevado, tudo isso é para ele exatamente a essência divina”. Deus é a objetivação da essência humana, justificada pela efetividade dos predicados divinos serem humanos. Sujeito e predicado distinguem-se apenas como EXISTÊNCIA (o homem) e ESSÊNCIA (Deus dentro do homem). Negar a divindade que existe na essência do homem é negar a existência humana. Quanto mais se dá forma humana a Deus quanto a essência, maior se torna a diferença entre Deus e o homem e a negação da unidade entre a essência humana e a essência divina. Quando se enaltece Deus, o homem é diminuído, para que Deus seja tudo e o homem nada. O aprimoramento moral é a meta divina do homem e a salvação do homem é a meta humana de Deus.

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