17.1.10

Deus Como Entidade da Razão

No 3° capítulo, intitulado “Deus como entidade da razão”, Feuerbach procura esclarecer que o verdadeiro significado da teologia é a antropologia aprofundando a questão da alienação e procurando demonstrar que a cisão que ocorre entre Deus e o homem é na verdade a cisão do homem com a sua própria essência. Esta compreensão surge através do estabelecimento das distinções entre razão e sentimento. Somente através da razão é que o homem torna-se capaz de julgar e agir em contradição com os seus mais caros sentimentos humanos. Deus é a revelação da razão, é a causa racional de todas as coisas, por isso é que a razão é que é o ser originário, primitivo. Sendo assim, para Feuerbach o que contradiz a razão, contradiz a Deus. Deus é a mais elevada faculdade de pensar, é o que a razão pensa como mais elevado. Nossas qualidades positivas, essenciais, nossas realidades são então as realidades de Deus, mas em nós são elas limitadas, em Deus ilimitadas. Mas quem retira das realidades as limitações? A razão. O que é então o ser pensado sem qualquer limitação senão a essência da razão que abandona qualquer limitação? Como tu pensas a Deus pensas a ti mesmo – A medida do teu Deus é a medida da tua razão. Se pensas Deus limitado, então é a tua razão limitada; se pensas Deus ilimitado, então a tua razão não é também limitada. Somente quem pensa é livre e autônomo. O pensar, a razão, é o que garante a autonomia do homem. Sem razão um indivíduo é objeto para outro, pois perde a sua autonomia, o seu ser para si. A razão é que é a unidade da inteligência e é a unidade de Deus. O que é racional para a razão é. É para ela uma lei absoluta, é algo de validade universal. A razão tem a sua essência em si mesma, nada tem além de si ou fora de si que pudesse ser comparado com ela. Da mesma forma Deus é as qualidades que tem. Nele não se distingue existência e essência. Deus tem as mesmas características que são abstraídas da essência da razão. Então, para Feuerbach, a razão é o ser inefável e necessário porque somente ela pode estabelecer a diferença entre o ser e o não ser. Se não existisse a razão, somente a não razão existiria. A razão é então a necessidade mais profunda e essencial, pois somente na razão se revela a finalidade, e o sentido do ser de todas as coisas.

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