17.1.10

O Mistério da Fé - O Mistério do Milagre

No 14° capítulo, intitulado “O mistério da fé – o mistério do milagre”, Feuerbach explicita que a essência da religião é a oração, porque na oração o homem objetiva seu coração. O papel da oração é: efetivar os desejos e satisfazer as necessidades; transformar o curso natural dos acontecimentos; reencontrar o coração com a essência; gerar felicidade. As condições para efetivar a oração: sentimento de dependência em um ser absoluto – Força e confiança incondicional – Amor. Na oração o homem expressa abertamente aquilo que o oprime e adora a si próprio, à medida que contempla essência de sua afetividade como ser mais elevado. O objeto característico da fé é a fé no poder da oração, a qual é idêntica a fé no poder do milagre e a fé num milagre é idêntica a essência da fé em geral. Só a fé ora. Só a oração da fé tem poder. A fé verdadeira não tem dúvida a dúvida só surge quando ultrapassa os limites da subjetividade, isto é, quando concedo verdade ao que está fora do sujeito de maneira limitada e só procuro ampliar os meus limites através dos outros fora da minha subjetividade, portanto, a fé é a crença na divindade do homem. A fé é um estado do coração no qual atribuímos tudo de bom a Deus. Uma tal fé em que o coração deposita toda a sua confiança e Deus, para que a fé exista apenas em Deus, faz necessário um subjetividade ilimitada. É em busca dessa ilusão que o homem inventa a Deus. A fé do homem em Deus coincide com os desejos humanos, daí a trindade fé, amor e esperança. Que és desejo sobrenatural realizado de modo imediato. Por isso o poder do milagre é o poder da imaginação é uma atividade finalística e sem limitação. A afetividade é a característica essencial do milagre, pois sem dúvida o milagre provoca também uma impressão sublime e arrebatadora enquanto expressa o poder da fantasia. Da afetividade sai o milagre e para a afetividade ele volta. O milagre é afetivo porque exatamente satisfaz o desejo do homem sem esforço. Feuerbach constata que com o cristianismo o homem perdeu o sentimento e capacidade de pensar-se dentro da natureza de modo espontâneo, pois o homem passou a crer na revelação. Para os filósofos, a explicação do milagre pela afetividade e pela fantasia é superficial, porque o milagre expressa o poder mágico que realiza sem obstáculos todos os desejos do coração.

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