17.1.10

O Mistério da Trindade e da Mãe de Deus

No 7° capítulo intitulado “O mistério da trindade e da mãe de Deus”, Feuerbach explica que só satisfaz ao homem um Deus pleno. Essa totalidade de Deus é constituída de sensibilidade, razão e vontade. Essa trindade contém um mistério: o sofrimento. Cristo é o Deus humano e como tal, uma das suas qualidades essenciais é a Paixão. Em Cristo o amor se mantém pelo sofrimento. Deus enquanto Deus é o cerne de toda a perfeição humana, Deus enquanto Cristo é o cerne de toda a miséria humana. O sofrimento é o sumo mandamento do cristianismo – a história do cristianismo é a própria história da humanidade. Deus é sofredor porque é humanamente perfeito em Cristo. Mas, Deus também é amor. Todavia, o amor se mantém pelo sofrimento, aí está a base da redenção. O sofrimento redime, por isso, o Cristianismo é a religião do sofrimento. O mistério de Deus que sofre é então o mistério do sofrimento: um Deus que sofre é um Deus sensível e esse sofrimento de Deus é pelo homem, é por um outro ser que não ele mesmo, daí ser um sentimento nobre, de amor. Deus é um ser sensível. O sentimento é de natureza divina. Eu sinto e o sentimento é algo pertencente a minha essência. Se o sentimento é para ti uma qualidade excelente, é ele para ti exatamente por isso uma qualidade divina - Deus é o espelho do homem. Para o cristão parar de sofrer é querer ser mais, ou melhor, do que Deus, já que o próprio Deus sofreu por ele. Sofrer então, é compartilhar do sofrimento de Deus. Somente a ação objetiva é a unidade da atividade teórica e prática, somente ela oferece ao homem um fundamento ético, caráter. Por isso mesmo, todo homem deve ter um deus, estabelecer uma meta, um propósito. Quem possui um propósito possui uma lei sobre si, pois é alguém que não só se conduz como também é conduzido. Quem tem um propósito, uma meta verdadeira e essencial, tem uma religião. Não no sentido teológico, mas no sentido da razão, do sentimento da verdade. Só satisfaz ao homem um Ser Total. Deus é um ser de razão (consciência de si), sentimento (amor) e vontade (paixão). A pretensão que o homem tem de si mesmo em sua totalidade é trina. A consciência em si mesma tem para o homem um significado pleno, por isso Deus tem consciência Absoluta. A objetivação da consciência de si é a primeira qualidade que encontramos na trindade (consciência de si é a pura interioridade, é entendimento objetivado, é luz). O amor é a auto-afirmação do coração. Deus cria e ama os homens somente no Filho e por causa do filho. O filho ou Cristo é gerado e ama no sentido figurado, pois foi enviado. O Espírito Santo ama acolhendo e complementando a trilogia do amor. A paixão representa o amor da Mãe ou Maria ao Filho. O mistério da trindade é: Pai – Deus - 1ª pessoa, razão, amor, luz, designa a morte; Filho – Cristo – amor, amado, princípio de paridade da vida comunicativa, é o que morre; Mãe – Espírito Santo – Maria - paixão, representa o anseio da criatura por Deus, a essência materna, inconsolável com a morte do filho. O amor é a auto-afirmação do coração. Deus cria e ama os homens somente no filho e por causa do filho. O filho ou Cristo é gerado e ama no figurado, pois foi enviado. O Espírito Santo ama acolhendo e complementando a trilogia do amor. O Deus trino é o deus do catolicismo e só tem um significado interno. O Deus trino é um deus rico de conteúdo. Quanto mais vazia for a vida, tanto mais rico e mais concreto será o deus. Somente um homem pobre possui um Deus rico. Deus nasce do sentimento de uma privação, daquilo que o homem se sente privado, é para ele Deus. O desesperado sentimento de vazio e de solidão necessita de um Deus no qual exista sociedade, união entre os seres que se amam intimamente. Daí a razão pela qual a trindade ao longo dos tempos veio perdendo a sua importância prática e finalmente também a teórica. O protestantismo não valoriza a trindade e uma parte da igreja Católica alija a figura de Maria.

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