17.1.10

O Significado da Criação no Judaísmo

No 12° capítulo, intitulado “O significado da criação no judaísmo”, Feuerbach explica que a criação no compreendido como mero ato imperativo, pois o princípio da criação no judaísmo é o egoísmo e não tanto a subjetividade. A criação a partir do nada, isto é, a criação como mero ato imperativo, só tem sentido na origem do princípio prático e na indomável violência do egoísmo hebreu. O egoísmo é o deus que não decepciona seus servos. O egoísmo é essencialmente monoteístico, porque ele só tem uma coisa como meta: a si mesmo. O egoísmo recolhe, concentra o homem sobre si mesmo: ele lhe fornece um princípio da vida sólido, denso, mas limita-o teoricamente, porque é indiferente a tudo que não se relacione imediatamente com seu próprio bem-estar. Por isso, a ciência ou a arte só surge do politeísmo. O monoteísmo rouba aos israelitas o impulso e o sentido livre presente nos gregos. Há uma mudança significativa de concepção de mundo e não apenas de conceituação entre gregos e judeus. Os gregos contemplavam teoricamente (como estética e como filosofia primeira) a natureza e compreendia que esta havia sido gerada e não criada, pois o conceito de mundo vale tanto quanto o conceito de cosmos, de majestade ou de divindade. Os judeus e os israelitas só se colocam do ponto de vista prático, a natureza por si e em si mesma nada é, significa a visão: a natureza ou o mundo foi criado, fabricado, é um produto de um imperativo da vontade. O utilitarismo, a noção de utilidade, é característica fundamental do judaísmo. A crença numa providência divina especial, no milagre ou na utilidade é a crença numa providência divina especial, no milagre ou na utilidade é a crença característica do judaísmo; mas observa Feuerbach que a crença em milagres existe quando a natureza é encarada somente como um objeto da arbitrariedade, do egoísmo que utiliza a natureza para fins arbitrários. Feuerbach estabelece um paralelo entre gregos e judeus: Gregos – desenvolvem a contemplação e a reflexão; foram idolatras, mas não diferenciam a contemplação da adoração; os deuses são imanentes e respeitados. Judeus – desenvolvem o sentimento drástico; elevam idolatria à compreensão; Deus é transcendente e temido.

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